Oremos!

13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. 14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; 15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. 16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. 17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. 18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto. (Tg 5.13–18)
Ore, porque oração faz diferença
Essa passagem é marcada por um imperativo à oração. Está aflito? Ore! Está contente? Ore — em forma de cânticos de louvor! Está doente? Ore! Cometeu pecados? Ore!
Esse imperativo também marca outras passagens do livro de Tiago. Tem falta de sabedoria? Ore (Tg 1.5)! Tem falta de algo? Ore (Tg 4.2)! Tem o coração dividido entre Deus e o mundo? Ore (Tg 4.4–10)!
Ore! Fale com Deus! Converse com ele! Louve a ele! Peça a ele! “Elias, orando, pediu” (Tg 5.17).
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Por quê? Qual é a razão que justifica a oração? Faz sentido orar?
Tiago responde com um sonoro “sim!”. Sim, porque oração faz diferença! A oração pode levar à cura do doente e ao perdão dos pecados pelo Senhor (Tg 5.14–15). De fato, a oração pode levar à cura do culpado de pecados (Tg 5.16a). A oração (feita por um justo) “pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16b). É “eficaz”; tem potencial de alcançar os resultados, de cumprir a finalidade.
Portanto, tem necessidade da graça de Deus? Ore e Deus lhe dará graça (Tg 4.4–10). Tem falta de sabedoria? Ore e Deus lhe dará sabedoria (Tg 1.5; Mt 7.7). “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2b). Se pedissem, poderiam ter. “Peça, porém, com fé, em nada duvidando” (Tg 1.6a), porque o que duvida “não pense que receberá do Senhor alguma coisa” (Tg 1.7).
A “oração da fé” (Tg 5.15) pode fazer coisas acontecerem. Não pelas orações em si mesmas. Mas por serem pedidos confiantes ao Deus soberano, Todo-Poderoso. Por isso a oração faz diferença: porque é ouvida, levada em consideração, por Aquele que tem o controle sobre todas as coisas.
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Então, por que nem sempre acontece o que se pede?
Tiago diz que “pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4.3). A má maneira de pedir é a que dá primazia à vontade própria (“vossos deleites”), e não à vontade de Deus. É o pedido egoísta, auto-centrado. É a oração dos soberbos, que tratam Deus como servo (Tg 4.13–14, 16). A esses, “Deus resiste” (Tg 4.6).
Por outro lado, Deus ouve a oração “feita por um justo” (Tg 5.16). O “justo” é aquele que está de acordo, alinhado, com a (justa) vontade de Deus: “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve” (Jo 9.31; c.f. At 10.34–35). É o pedido submisso: “seja feita a tua vontade” (Mt 6.10, 26.39). É a oração dos humildes, que tratam Deus como o Senhor: “Se o Senhor quiser, faremos isto ou aquilo” (Tg 4.15). A esses, “Deus dá graça” (Tg 4.6). Não é à toa que Tiago associa oração a “humilhar-se perante o Senhor” (Tg 4.10), “(a)chegar-se” ao Deus gracioso (Tg 4.8; c.f. Hb 4.16), “sujeitar-se” a ele (Tg 4.7).
A oração feita por um justo faz diferença. Ela pode não ser respondida positivamente, caso Deus tenha planos melhores (ex.: At 16.6–10; c.f. Jr 29.8–15; Is 55.8–11; Rm 8.28). Mas ela é sempre ouvida e levada em consideração pelo Deus que tem todo poder e graça.
Portanto, ore! Ore submisso à vontade de Deus. Assim, a oração faz diferença. Ela pode não ser respondida como você queria, mas certamente será ouvida pelo Todo-Poderoso e Todo-Bondoso Deus.
O exemplo de Elias, um anti-Super-Homem
Tiago dá, então, o exemplo de Elias (Tg 5.17–18): Elias orou e não choveu; depois de três anos e seis meses, orou de novo e choveu. Nesses versículos, Tiago está fazendo referência ao episódio relatado nos capítulos 17 e 18 do primeiro livro de Reis.
Elias era um profeta de Israel que profetizou durante o reinado de Acabe, rei de Israel por 22 anos (de 870 a 850 a.C., aproximadamente). Acabe era um rei mau, cuja maldade era sem precedentes. Ele adorava a Baal, um deus pagão em honra ao qual fez um templo, um altar e um ídolo. Acabe era casado com Jezabel, filha de Etbaal, rei do território de Sidom, onde se adorava a Baal.
Nesse contexto, o capítulo 17 do primeiro livro de Reis começa dizendo que Elias profetizou que não haveria chuva até que ele falasse novamente (1Rs 17.1). As chuvas ocorriam regularmente do fim de outubro a janeiro e de abril a maio. Além disso, Baal era tido pelos pagãos como o deus das nuvens, do clima — e, portanto, em uma cultura agrícola, como o deus da prosperidade, da fartura. Nesse sentido, a profecia de Elias evidenciava uma vontade de Deus de mostrar para aquele povo que Baal não era Deus; que “somente o SENHOR é Deus”. Elias estava alinhado com essa vontade de Deus — “perante cuja face estou” (1Rs 17.1). Dessa forma, como um “justo”, Elias, “orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra” (Tg 5.17), quebrando a regularidade das chuvas e, assim, expondo Baal publicamente como um falso deus.
Três anos e meio depois, Elias orou novamente para que chovesse (1Rs 18.42). Ele fez isso submisso à vontade de Deus, o qual lhe tinha dito: “Vai, apresenta-te a Acabe, porque darei chuva” (1Rs 18.1). Obedecendo à ordem divina, Elias apresentou-se a Acabe e orou; e “o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tg 5.18), saciando a fome, que já era extrema em Samaria (1Rs 18).
Nesse meio-tempo entre a primeira e a segunda oração de Elias, o profeta, em meio à seca, tinha sido sustentado por corvos enviados por Deus (1Rs 17.2–7), evidenciando que é o SENHOR — e não Baal — quem controla a natureza. Além disso, ele também tinha sido sustentado por uma viúva de Sidom (1Rs 17.8–24); ou seja: por alguém do território de Baal que não tinha fartura alguma — e que acabou se convertendo ao verdadeiro Deus (1Rs 17.24). Por fim, Elias tinha vencido o desafio aos profetas de Baal no monte Carmelo (1Rs 18.17–38), ao término do qual o povo tinha finalmente reconhecido: “Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus!” (1Rs 18.39). Portanto, nesses três anos e meio, Deus tinha triunfado pública e cabalmente sobre Baal, libertando o povo para adorar somente a ele, como o único Deus verdadeiro. Assim, ao final desse período, o SENHOR queria dar chuva à terra.
De fato, Deus quis; Elias pediu; choveu.
“A oração feita por um justo muito pode em seus efeitos” (Tg 5.16).
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Ao ler isso, você pode estar pensando “Mas eu não sou como Elias, um profeta. Eu sou um mero pecador”. Porém, esse é exatamente o motivo pelo qual Tiago menciona o exemplo de Elias: “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós” (Tg 5.17a). Ele não era um Super-Homem. Pelo contrário. Logo em seguida à chuva, Elias “pediu para si a morte, e disse: ‘Já basta, ó SENHOR: toma agora a minha vida’” (1Rs 19.4). Devido ao que tinha ocorrido no monte Carmelo, com a morte dos profetas de Baal, Jezabel fizera uma ameaça de morte a Elias (1Rs 19.1–2). Diante desta, o profeta, que tinha experimentado o poder do SENHOR de forma tão extraordinária nos últimos anos, entrou em uma profunda depressão, demonstrando a sua própria fraqueza.
A lição que Tiago tira disso? Você não precisa ser um forte para orar; basta ser um fraco que busca a vontade de Deus. “Como Elias” (Tg 5.17).
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Portanto, ore, ore e ore! Ore porque oração faz diferença! Verdadeiramente Deus nos ouve! E ele é Todo-Poderoso e Todo-Bondoso! Por isso, ore com fé! Ore com confiança! Ore com perseverança!
Você não precisa ser forte! Não precisa ser super-espiritual! Tudo o que você precisa é ser um fraco, humilhado diante de Deus! Para esses, o Criador do universo é todo-ouvidos!
Você não precisa tentar dar passos grandes, mas seja fiel em pequenos passos. Grandes distâncias são percorridas metro a metro. Portanto, comprometa-se com uma vida de conversa diária com o SENHOR. Tenha certeza: você contará com a ajuda do Deus de Elias!
Por isso, oremos!