Lecionário

Recursos para as Liturgias do Discipulado, conforme o ciclo de leituras bíblicas construído em torno do ano litúgico cristão.

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Quando Deus nos conduz à provação [Parte 3]

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Porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre

Tela “Sandbar solitude”, de Nancy Poucher.

Parte final da exposição de Mt 14.22–34

Parte 1: http://bit.ly/2t0XXC4; Parte 2: http://bit.ly/2sRT2zu

O encontro entre Pedro e Jesus no meio do vendaval se deu pois, entre três e seis horas da manhã, Jesus “dirigiu-se para eles” (Mt 14.25), “vendo que se fatigavam a remar” (Mc 6.48). Ele se fez presente no auge da provação dos discípulos.

O texto diz que Jesus veio “andando por cima do mar”, como na descrição de Deus em Jó 9.8: “o que anda sobre as ondas do mar”. Ele veio se movendo sobre a face das águas, para decretar ordem ao caos pela sua palavra.

Marcos detalha que, antes de entrar no barco, Jesus “queria passar-lhes adiante” (Mc 6.48). Assim como o Cristo ressurreto, depois de expor as Escrituras, “fez como quem ia para mais longe” (Lc 24.28) antes de entrar na casa de Emaús e manifestar a sua glória ao partir o pão (Lc 24.29–35). Assim como o Senhor passou por diante de Moisés, mostrando a glória do seu nome, em um desfile da sua bondade (Êx 33.18–23). Na passarela das ondas, Jesus queria desfilar a sua glória divina diante dos seus discípulos de uma maneira que eles nunca tinham visto.

Como o Senhor disse à Moisés do meio do fogo ardente (Êx 3.14), Jesus queria dizer aos discípulos do meio das águas revoltas: “Sou eu” (Mt 14.27, Mc 6.50), “eu sou”. Há pouco, multipliquei pão no deserto, mas “eu sou o pão vivo que desceu do céu” (Jo 6.51), o verdadeiro maná. Há pouco, enviei todos vocês para um “Mar Vermelho”, mas “eu sou” (Jo 6.20) o libertador que tira das águas; o verdadeiro Moisés. Moisés temeu olhar para o EU SOU (Êx 3.6), mas, vós, “não temais, sou eu” (Mt 14.27).

***

Contudo, os discípulos tinham temido, pois pensaram que era um fantasma (Mt 14.26). Marcos deixa claro que eles “ficaram muito assombrados (…) pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes o seu coração estava endurecido” (Mc 6.51–52). Mesmo depois do milagroso banquete no deserto, ainda havia uma dúvida, um “se és” em relação a Jesus (Mt 14.28). Os olhos dos discípulos estavam pesados; eles estavam dormindo para a realidade de Jesus; ainda não sabiam responder apropriadamente ao Filho de Deus.

Há outro episódio em que os discípulos também confundiram Jesus com um fantasma. Mais uma vez, foi diante da sua aparição depois de um desaparecimento. Especificamente, foi logo após ele ter desaparecido em Emaús, depois da sua ressurreição (Lc 24.36–53).

O texto diz que Jesus se fez presente no meio dos seus discípulos, em Jerusalém, dizendo-lhes que tivessem paz, sem temer (Lc 24.36). Mas eles ficaram atemorizados, pois pensavam que viam algum espírito, um fantasma (Lc 24.37). Jesus lhes perguntou por que eles estavam perturbados (como um mar revolto) e por que subiam tantas dúvidas (como ondas) em seu coração (Lc 24.38). Jesus lhes disse: “sou eu” (Lc 24.39), venham e vejam (Lc 24.40). Porém, mesmo diante de tamanho milagre, eles ainda não creram, precisando de mais uma demonstração da sua realidade (Lc 24.41). Quando Jesus, então, comeu o peixe e lhes expôs as Escrituras (Lc 24.42–51), eles “o adoraram”, ficando “com grande júbilo” e “estavam sempre louvando e bendizendo a Deus” (Lc 24.52–53).

***

Jesus mostra a sua glória divina no auge da provação. Ele vê em nossos temores e dúvidas uma passarela para mostrar-nos toda a beleza, verdade e bondade do seu ser. Muitas vezes, ao vê-lo no meio das nossas ondas, pensamos que ele é um fantasma aterrorizante. Mas à medida que os nossos olhos são abertos para o EU SOU que governa sobre o aparente caos, só nos resta cair de joelhos em adoração diante de Deus, reconhecendo que dele “é o reino, e o poder, e a glória, para sempre!” (Mt 6.13b).

Amém

Foi isso que os discípulos fizeram no barco. Eles acolheram o glorioso Jesus (Jo 6.21a), ele acalmou o vento (Mt 14.32) e, então “o adoraram, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus” (Mt 14.33).

“Logo o barco chegou à terra para onde iam” (Jo 6.21b; Mt 14.34).

Libertação operada. Provação concluída. Adoração tributada.

Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens. E ofereçam os sacrifícios de louvor, e relatem as suas obras com regozijo. Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes águas. Esses vêem as obras do Senhor, e as suas maravilhas no profundo. Pois ele manda, e se levanta o vento tempestuoso que eleva as suas ondas. Sobem aos céus; descem aos abismos, e a sua alma se derrete em angústias. Andam e cambaleiam como ébrios, e perderam todo o tino. Então clamam ao Senhor na sua angústia; e ele os livra das suas dificuldades. Faz cessar a tormenta, e acalmam-se as suas ondas. Então se alegram, porque se aquietaram; assim os leva ao seu porto desejado. (Sl 107.21–30)

***

Não nos conduzas à provação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. (Mt 6.13)

Amém! Assim seja!

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